1960: tromba d’água causa mortes e destruição em São João Nepomuceno

1960: tromba d’água causa mortes e destruição em São João Nepomuceno

No dia 10 de março de 1960 o jornal “Correio da Manhã”, do Rio de Janeiro, noticiava “Tromba d’água em Minas : l0 mortos e desabamentos” (Belo Horizonte, 08 – de Carlos Estêves, da Sucursal) :

“ Violenta tromba de água caiu sobre a cidade de São João Nepomuceno, sábado passado, cerca de 20 horas, causando mortes e desabamentos.Em pânico, a população procurou lugares altos ou mais seguros da cidade, em algumas de cujas ruas as águas atingiram a mais de 3 metros de altura. A cidade está praticamente isolada do resto do Estado, mas socorros continuam sendo enviados pelas autoridades a fim de que sejam superadas as dificuldades com que luta sua população.

Dez mortos

Notícias procedentes daquela cidade dão conta de que já se calcula em 10 o número de mortos vitimados pela catástrofe. Uma família inteira, a do sr. Antônio Gonçalves, morreu no interior da sua residência, que foi quase submersa pelas águas.

Pontes destruídas

Pontes que comunicam São João Nepomuceno com os municípios vizinhos foram literalmente destruídas pelas águas, e seriamente danificadas as estradas que se acham ainda intransitáveis. Só agora começa a população a ter certo alívio com os auxílios que lhe estão chegando das autoridades estaduais e dos municípios vizinhos, que se vem solidarizando com o povo de São João Nepomuceno desde a noite do último sábado.

Ameaça ruir

O morro de Santo Antônio, que fica dentro da cidade, ameaça ruir e as autoridades, ajudadas pela população e autoridades governamentais que ali se encontram, já circunscreveram a área perigosa, a fim de evitar nova tragédia na cidade.

Bombeiros e soldados

Tão logo tomou conhecimento da ocorrência, o Secretário de Segurança Pública, sr. Celso Machado, determinou a ida a São João Nepomuceno da guarnição de Juiz de Fora para prestar socorro à população flagelada. Também uma guarnição do Segundo Batalhão de Caçadores da Polícia Militar foi mandada àquela cidade onde já se encontra prestando socorro às vítimas. O comando da 4ª Região Militar sediada em Juiz de Fora, também enviou ao local uma companhia de militares que ajuda na desobstrução das estradas e nos reparos das pontes que dão acesso à cidade. O DER vem usando máquinas pesadas para colocar as estradas em condições de tráfego e emergência.

Medicamentos

Para evitar qualquer surto endêmico na cidade, o Governador do Estado fez enviar, por via aérea, víveres e medicamentos para São João Nepomuceno.”

NOTA DO EDITOR NILSON MAGNO BAPTISTA

Fui testemunha de algumas coisas que aconteceram na cidade naqueles dias, outras informações tomei conhecimento por meio de conversas com pessoas que viveram aqueles tristes acontecimentos, que tiveram início no momento em que muitos são-joanenses estavam assistindo a uma sessão no Cine Brasil, por volta de 20 horas do dia 05 de março de 1960. Muitas dessas pessoas tiveram que se abrigar em casas de amigos e parentes, pois o volume de água era tanto que em poucos minutos inundou vários locais da cidade e era impossível ultrapassar. Quando amanheceu o outro dia a catástrofe já era vista por todos. Meu pai tinha uma farmácia na Rua Coronel José Dutra e nós morávamos em uma casa nos fundos. Nossa rua principal parecia um rio caudaloso e nela passavam boiando troncos de madeira, móveis e animais mortos. Minha mãe rezava apavorada com medo de que a água passasse por cima do degrau da porta da farmácia e invadisse nossa casa também. Em várias ruas do centro muitas casas tiveram porões e demais dependências inundados. Numa serraria, nas proximidades da Rua Joaquim Murtinho, as toras de madeira foram arrastadas pela violência das águas. Olhando da Rua Coronel José Dutra em direção à Ponte do Jeremias, a rua Doutor João Couto parecia um mar.Várias residências situadas na Avenida Zeca Henriques foram inundadas, assim como na Praça Floriano Peixoto

Eu tinha seis anos e fui com meu pai, na garupa da bicicleta, verificar o que tinha acontecido lá pelos lados do cemitério e vimos apavorados que a força descomunal da águas havia destruído a ponte da estrada de ferro e arrastado a outra, para automóveis, por mais de 50 metros. Muitos outros estragos aconteceram, mas como eu tinha pouca idade , maiores detalhes ficaram obscurecidos na minha mente. Um fato interessante, narrado pelo jornal carioca “Correio da Manhã”, é que mantimentos e remédios chegaram até à população são-joanense por via aérea. Isso foi possível graças à existência do Campo de Pouso do nosso Aeroclube, que havia sido projetado e inaugurado , poucos anos antes da tragédia, por cidadãos com visão de futuro e espírito empreendedor.

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