Elias Ayupe Nassif – o Laluce

Elias Ayupe Nassif – o Laluce

Elias Ayupe Nassif, foi um dos grandes nomes do futebol de São João Nepomuceno. Conhecido em toda região pelos potentes chutes de direita e por comandar o, quase imbatível, União de Roça Grande, Laluce é pai de cinco craques de futebol: Toni, Zeca, Marco e Eduardo no futebol masculino e Sarah no feminino, Laluce nasceu em 19 de junho de 1938 e faleceu em 09 de outubro de 2013. Com a ajuda de Eduardo Ayupe, seu filho e meu amigo/irmão, fizemos uma entrevista com o Laluce no ano de 2011. No vídeo acima você poderá conferir um resumo do nosso encontro.

Abaixo, um resumo:

Eu comecei no Mangueira. Naquele tempo, meu pai não deixava a gente sair de casa. Mas o Bolote ficou sabendo que eu era um bom jogador e veio em Roça Grande conversar com meu pai. Com você o menino pode ir! Disse meu pai ao Bolote. Fiquei pouco tempo no Mangueira. Minhas coisas somiam no vestiário e eu não gostava daquilo. Logo em seguida fui para o Operário(1955, com 16 para 17 anos). Joguei com Jair Paraíso, Tuca, Shimith, Deacir, Gute, Gregório, Tininho… Minha estreia foi contra um time de Juiz de Fora. No time deles tinha um jogador que jogava muita bola; Maradona “purim”. Só no primeiro tempo ele fez dois gols. Tinha chovido muito e o campo do Operário não tinha um fiapo de grama. Eu dei uma entrada nele e saímos rolando no barro. Isso o amedrontou, fazendo com que se escondesse no jogo. Depois deu umas faltas contra o time deles e o Schimith foi bater. O Schimith botava a bola onde queria. Mas com aquela chuva não teve jeito. A bola estava muito pesada. Ele cobrou e a bola nem chegou no gol. Como eu já era autoritário desde moleque falei: na próxima falta eu que vou bater. Eu fiz dois gols e empatei o jogo. A bola saía até voando, pois, eu tinha muita força na perna. Depois nós ainda viramos o jogo.

            Em 1956, fui para o Botafogo e lá fiquei por 10 anos. Em 62, teve um jogo inesquecível contra o  Mangueira. Segundo tempo, 44 minutos, bola na área do Botafogo. Eu protegi para saída do goleiro Ratinho(Onei). Ao invés dele pegar a bola ele pegou a perna do atacante. O juiz, “peitudo”, marcou pênalti. O Ratinho começou chorar. Aí, eu peguei e esfreguei a cara dele na poeira e falei: Levanta rapaz! Ainda dá tempo da gente empatar. Parecia que eu estava adivinhando. Eles fizeram 1 a 0 e na nova saída de bola eu falei com o companheiro: toca pra mim que eu vou lá dentro do gol com essa bola. Veio dois em mim. Eu dei uma pregada em um, mas o juiz deu falta a nosso favor. A falta foi uns 5 metros além da linha do meio campo e o Quirino pediu 10 na barreira. Esse dia eu enganei ele. Fiz que ia chutar forte e peguei por baixo da bola. Ela entrou lá no ângulo. Dez na barreira rapaz; como é que eu ia bater forte? Eu bati de curva e o Quirino caiu lá dentro do gol com bola e tudo. O torcedor do Mangueira quebrou o alambrado e invadiu o campo. Era uma rivalidade danada rapaz.

           No ano de 1973, fui campeão com o União de Roça Grande no primeiro campeonato organizado pela Liga de Futebol de São João.

Antes do campeonato teve uma reunião no Mangueira mas o pessoal não queria que o União entrasse na competição. “Todo mundo vai querer jogar para o time do Lalúcio!” Eles falavam. Aí eu disse: vocês escolhem os jogadores e o que sobrar é meu. Olha o resto que eles deixaram: Quirino, Messias Pilão, Duda, Carlinhos“babado”, Wanderlei do Zé Descoberto, Tista, e por aí vai.

A decisão foi contra o Descoberto Futebol Clube. O campo do Botafogo estava lotado. Não cabia mais ninguém. Foi um jogão. Nós ganhamos de 1 x 0, gol do Tista. A bola foi cruzada na área, o Tista passou pela bola mais, de calcanhar, ele conseguiu tocar na bola para o fundo do gol. Golaço!

            TONI : O meu filho Toni era igual esse Falcão do futsal. Ele fazia o que queria com a bola. Quando tinha uns 15 para 16 anos, jogando contra um time bom aí do Marquinho da SEG, ele chegou lá no botequim e falou: Pai eu vou lá no campo fazer 5 gols no time da SEG. Daqui a pouco eu to aí. Daí “muncadinho” ele chegou e eu falei: Ô Toni, você não vai jogar? Ele respondeu: Ô Pai, eu já fiz os 5 gols. Ô moleque danado sô! Ele pegava a bola e ninguém tomava. Era muito inteligente. Nasceu para aquilo.

No Vasco treinei junto com o Belini, Otum, Walter, Valfrido, Pinga, Vavá, Wilson Moreira… Eu treinava muito e, às vezes, dava aquele chutão para impressionar. Jogava a bola lá na piscina de São Januário. Fiquei no Vasco 8 meses, mas, só joguei amistoso.

           “CAUSO” :  Eu sempre contei pra  Sarah, minha filha, que isso que o Higuita fez de deixar a bola passar e puxar com o pé, eu já fazia a muito tempo. Ela estava num bar lá em Juiz de Fora e passou o lance na televisão. Um senhor que estava atrás dela comentou: Eu já vi um homem fazer isso aí lá de Bicas! Aí a Sarah interessou e perguntou: Quem é esse homem lá de Bicas? O senhor respondeu: o Laluce. A Sarah ficou numa alegria e quando encontrou comigo me disse: Agora eu acredito no senhor.”

Abraço a todos e até a próxima se Deus quiser!

 

 

 

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