Carlos Pellegrini Rocha: um jornalista que deixou saudade
Por Nilson Magno Baptista
Carlos Pellegrini Rocha nasceu em São João Nepomuceno no dia 09 de junho de 1906, filho de Orozimbo de Oliveira Rocha e Paulina Pellegrini Rocha.
Fez o curso primário no Externato Magalhães, dirigido pelas irmãs Amandina e Ruth Magalhães. Matriculou-se em 1918 no Curso Comercial do Instituto Lafayete desta cidade, vindo a diplomar-se em 1923 pelo mesmo Instituto na cidade de Petrópolis.
Desde cedo demonstrou grande amor ao trabalho, com inclinações voltadas para o comércio e o jornalismo. Por isso, ainda garoto, teve o seu primeiro emprego na loja da firma Morais Sarmento e Cia.Ao iniciar o Curso Comercial, nas horas vagas ajudava seu pai na papelaria e no Jornal. Vendia jornais e colaborava com escritos para a “Voz do Povo”, hoje “Voz de S.João”.
Terminando o curso em 1923 ingressou como sócio da firma Rocha e Cia.Ltda, onde sua presença já era constante e indispensável.
Em 7 de setembro de 1926 morre tragicamente seu pai, em tiroteio político ocorrido no local onde hoje é a Praça ” Coronel José Brás”. Assume, então, definitivamente, a direção da firma e do jornal e, por ser o filho mais velho, lhe cabe a responsabilidade pela mãe e os irmãos Nilo, Nadir, Júlio, Paulo e Alpheu. Foi um período difícil, de muitas lutas e incessantes trabalhos para manter a firma, o jornal e a família no seu ritmo normal. Mas, com muita fé em Deus, o carinho e dedicação de sua bondosa mãe e a união dos irmãos, foi vencendo os obstáculos políticos e financeiros, que surgiam a todo momento com a inesperada falta de seu progenitor.
Em 21 de setembro de 1929 contrai matrimônio com a jovem Ednéia Fajardo de Campos e juntos continuam a lutar. Nascem seus filhos Eda e Orozimbo. A vida vai continuando com suas alegrias, felicidades, decepções e Carlos Rocha em constantes atividades com seu trabalho, seu jornal, sua família, seus semelhantes, sua cidade natal…
Ele é nomeado Juiz de Paz, função que exerceu com inteira dedicação. Logo após é designado Inspetor Escolar, vai à escola colaborar com a instrução. Fica empolgado com o ensino e anos mais tarde vem a ser um dos fundadores do Ginásio “Dr.Augusto Glória”, para que os menos favorecidos pela sorte pudessem estudar mais um pouco. Foi paraninfo de várias turmas dos Grupos Escolares “Cel.José Brás” e “Carlos Chagas”, assim como do Ginásio “Dr.Augusto Glória”, do qual foi tesoureiro durante quase 20 anos. Este educandário lhe prestou homenagem dando à sua fanfarra o nome de “Carlos Rocha”.
Recebeu o diploma de “Melhor de 1962” no setor de jornalismo pelo colunista social “Ralph”.
O Mangueira F.C. em reconhecimento aos numerosos serviços por ele prestados ao clube rubro, lhe concede, em 1967, o título de “Sócio Benemérito”e, em 1983, a galeria do clube passa a ter o seu nome.
Em 1979, na realização da “Semana da Comunidade”, Carlos Rocha foi homenageado pela Escola Estadual “Cel. José Brás” como “Cidadão Benemérito da Comunidade”. Pelos relevantes serviços a ela prestados. Da Associação Comercial de Minas Gerais ele recebeu o título de “Empresário Destaque 1970”. Pela Lei nº 1493, de 23 de setembro de 1987, uma das ruas da cidade recebeu a denominação de “Carlos Pellegrini Rocha”, estando hoje localizada no Bairro Dona Isabel (José Maria Fam). Pela Lei nº 2.373, de 12 de junho de 2006, a Câmara Municipal autorizou que fosse colocado um quadro com sua foto na Galeria de Honra.
Em suas veias corria o sangue do jornalismo, motivo pelo qual o jornal “Voz de S. João” foi sempre a “menina dos seus olhos”.
Carlos Pellegrini Rocha foi meu mestre e amigo, gostava de ler meus textos, dava opiniões, me incentivava. Foi um grande privilégio ter trabalhado (fui Redator do jornal) e convivido com ele. Um fato que nunca esqueci era sua preocupação com a limpeza da cidade: inseria pequenas mensagens no jornal, dentro de um quadrinho, em que se lia, entre outras coisas: “Não jogue cascas de frutas ou papéis na rua”. Muitas vezes o vi recolhendo esses resíduos e colocando numa lixeira. Um exemplo de cidadania e amor à sua cidade. Inesquecível.
Carlos Pellegrini Rocha dirigiu o jornal por 40 anos, até 3 de agosto de 1985, quando veio a falecer aos 79 anos.
Nota do editor: a imagem que ilustra a capa desta matéria é uma reprodução extraída da edição nº 5.026, especial do jornal “Voz de S.João”, 17 a 23 de novembro de 2007, comemorativa aos “100 anos de imprensa” em São João Nepomuceno.
No Comments