Cenas de destruição e heroísmo na tromba d’água em S.J.Nepomuceno (1960)

Cenas de destruição e heroísmo na tromba d’água em S.J.Nepomuceno (1960)

Por Nilson Magno Baptista

Em sua edição de terça-feira, 8 de março de 1960, o jornal “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, noticiava: “Completa Interrupção do Tráfego Ferroviário na Zona da Mata – A Tromba Dágua Causa Sérios Transtornos Nas Linhas do Interior da Leopoldina – Isolados Rochedo de Minas e Furtado de Campos”

“O tráfego ferroviário entre (…) Rochedo de Minas e Furtado de Campos, servidos pelas linhas da Leopoldina, está interrompido por quedas de grandes barreiras, destruição de pontes ferroviárias e rodoviárias, isolando esses locais dos centros de maiores recursos. Os fortes aguaceiros aumentaram de volume o rio São João de Nepomuceno de tal forma que as águas invadiram a própria cidade do mesmo nome com fúria destruidora.

A propósito da calamitosa situação ocasionada pela intempérie extraordinária que assola esta região da Serra do Mar, a reportagem ouviu os diretores da Estrada de Ferro Leopoldina, engenheiros Reidar Ursin Knudesen, João Amaral de Aguiar e Paulo de Queirós Mattoso, tendo os mesmos declarado que todos os recursos da Estrada estão postos para a recomposição das linhas destruídas, fazendo um apelo à boa compreensão por parte das pessoas prejudicadas, pois a situação criada é de verdadeira calamidade pública.

A fotografia que estampamos foi recebida de avião da citada localidade cuja vida levará tempo para ser normalizada. Foi tirada da ponte do quilômetro 255.300, em São João de Nepomuceno”.

Dois lavradores são-joanenses salvam o trem misto 105 da Leopoldina de um grande desastre

O jornal “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, em sua edição de 6 de outubro de 1960, quinta-feira, noticiou que dois lavradores são-joanenses salvaram o trem e foram homenageados pela Diretoria da Leopoldina:

“Dois lavradores de São João de Nepomuceno, homens modestos, receberam ontem uma homenagem da Diretoria da Estrada de Ferro Leopoldina que, presente grande número de funcionários da categoria, fêz-lhes agradecimentos da benemérita ação praticada em favor de vidas humanas. O fato ocorreu em 1º de março deste ano, no quilômetro 233, entre São João de Nepomuceno e Furtado de Campos (…). Devido às fortes chuvas ruíram as barreiras que faziam contraforte das linhas da Leopoldina. A passagem pelo local seria um desastre de consequências imprevisíveis com sacrifícios de vida e perda total de rico material.

Artur Marinho Verardo, que reside nas proximidades, correu ao encontro do trem misto 105 e deu sinal para o maquinista, tendo este conseguido parar o trem. Ao mesmo tempo, Raymundo Santos Oliveira evitava que o aterro fosse arrastado pelas águas em ímpeto, desentupindo o bueiro existente e colaborando ainda para a normalização do tráfego, cedeu terra para recomposição do aterro que havia sido arrombado pela tremenda enxurrada.

Foi com palavras repassadas de carinho e agradecimentos, que o engenheiro Reidar Ursin Knudesen, diretor-superintendente, se dirigiu em primeiro lugar aos modestos homens do campo, enaltecendo-lhes o espírito de solidariedade, de responsabilidade civil e de iniciativa. O engenheiro João Amaral de Aguiar, diretor de operações, testemunhou com suas palavras o valor da ajuda prestada à estrada de ferro por aqueles dois humildes lavradores. Ele esteve pessoalmente no local, dias após, e pôde verificar o inestimável serviço prestado à coletividade e ao patrimônio nacional.

Também falou o engenheiro Paulo Queirós Mattoso, diretor-administrativo, entregando em nome da Leopoldina a importância de dez mil cruzeiros a cada lavrador, acentuando que a oferta era simbólica, pois não havia recompensa pecuniária que pudesse resgatar aquela dívida de gratidão.

A proposta de uma recompensa pecuniária partiu do engenheiro Fenelon Koslowski, engenheiro residente da localidade, e foi aprovada em reunião de diretoria da Estrada, depois de encaminhada pelo chefe do D.V.P.

Raymundo Santos Oliveira é trabalhador braçal e tem nove filhos, e Arthur Marinho Verardo também trabalha no campo e tem quatro filhos.

Na foto um aspecto da solenidade havida ontem no gabinete do Sr. Reidar Ursin Knudesen, vendo o instante que Arthur Marinho Verardo aperta a mão do Sr. Paulo Queiroz Mattoso, diretor-administrativo da Leopoldina”.

 

 

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1 Comment

  • EDUARDO GOMES DE ABREU on dezembro 17, 2020

    Existe em nosso município rua em nome destes dois lavradores??? A própria matéria afirma, salvaram vidas e patrimônio.

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Fiat Multipla sua beleza realmente não é seu ponto forte!Onde seus filhos (as) vão estudar em 2021?

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