Dona “Nenê” Ayupe, um amor de mulher
Por Nilson Magno Baptista
“Nenê” era o apelido carinhoso pelo qual a Sra. América Nassif Ayupe era chamada pelos que com ela conviviam. Nasceu em Belo Horizonte em 15 de novembro de 1910. Era a segunda entre 13 irmãos, filha do casal libanês Elias Nassif Bedran e Haada (Adélia) Nassif Bedran.
Por volta de meados da década de 1915, o casal se mudou de Belo Horizonte para Rochedo de Minas, onde abriram uma venda. Aproximadamente no início da década de 1930 mudaram para Roça Grande, onde também instalaram uma casa comercial.
O pai de América, Elias, veio a falecer em 1936. Nesse ano, no dia 23 de junho, ela se casou com Jorge Camilo Ayupe, libanês que chegou ao Brasil com 10 anos de idade, vindo com seu pai, Salim Camilo Ayupe, irmão do Sr. Ibrahim Camilo Ayupe, pai do Dr. Nagib Camilo Ayupe.
No início do ano de 1940 a família de América mudou-se para Conselheiro Lafaiete, mas ela permaneceu em Roça Grande, junto com o marido. Jorge Ayupe, abriu seu armazém em Roça Grande em meados de 1940. Quando faleceu, em 1964, a casa comercial ficou como herança para seu filho Elias Ayupe Nassif, o “Laluce”. América e Jorge Ayupe tiveram quatro filhos: Maria das Graças (falecida ainda criança); Salim Ayupe Nassif (“Nenzinho”) , que não teve filhos; Elias Ayupe Nassif (já falecido) , que era casado com Maria do Carmo Tamiozzo e Maria da Conceição Ayupe Nassif (Solteira).
Dona América teve seis netos, todos do casamento de seu filho Elias,sendo eles: Toni Ayupe Tamiozzo, Ana Lúcia Ayupe Tamiozzo; José Jorge Ayupe Tamiozzo; Eduardo Elias Ayupe Tamiozzo; Marco Aurélio Ayupe e Sara Ayupe Nassif.
Dos pais libaneses ela herdou a habilidade de preparar comidas árabes, vocação essa que transmitiu também para a filha Maria Conceição. Trabalhou no armazém junto com o marido Jorge até à ocasião de sua morte (1964) e algum tempo depois. No início da década de 1970 mudou-se para São João Nepomuceno, residindo inicialmente em uma casa de propriedade do Sr. João Magalhães, esquina da praça Sinfrônio Cardoso. Mais tarde foi residir no início da Rua Guarda-Mor Furtado, no morro da Matriz. Segundo alguns relatos de pessoas que conviveram e tiveram muita proximidade com ela, Dona América era muito caridosa e se condoía com a situação de pessoas carentes, ajudando-as a adquirir alimentos, roupas, entre outras necessidades. Gostava muito de visitar os irmãos em Juiz de Fora, Conselheiro Lafaiete e Belo Horizonte. Quando retornava de suas viagens não se esquecia de trazer presentes para os netos. Outro aspecto de sua personalidade marcante era gostar de preparar comida para os amigos que iam a Roça Grande jogar pelo União Futebol Clube, a convite do filho Elias (Laluce), que também foi um talentoso jogador, além de respeitado comerciante e político.
Após seu falecimento, em 1º de julho de 1984, Dona América Nassif Ayupe foi homenageada, tendo seu nome colocado na rua onde ficava o armazém da família e também na creche de Roça Grande, ao lado do Posto de Saúde, na rua Pedro Crescembeni. Dona “Nenê” foi ainda patrona do Pré-Escolar Municipal “Peixinho Dourado”.
Palavras da filha Maria da Conceição Ayupe Nassif, por ocasião da inauguração da Creche Casulo “América Nassif Ayupe” em Roça Grande (outubro de 1995) :
“ Exemplo de generosidade, altruísmo, amor a Deus e ao próximo; Dona Nenê dedicou sua vida a seus filhos e netos e à caridade para com os pobres de nossa comunidade. Foi a mulher forte e doce de que fala a Bíblia: como Ester, lutou pelos seus irmãos, como Maria, orou pelos menos favorecidos. Sempre pronta a acolher os necessitados, com sua fala mansa, com seu olhar de ternura, ela cativava a todos que a conheciam. Por sua dignidade, por seu espírito de fé e doação aos irmãos, escolhemos o nome desta grande mulher para denominar nossa creche. Que seu exemplo de vida sirva como espelho para as crianças que aqui forem acolhidas. Que elas possam desenvolver sua personalidade sobre as bases sólidas dos valores humanos mais sublimes e dignificantes – características de Dona Nenê, aquela que com os pés no chão, tinha os olhos no infinito”.
FOTO DE CAPA: DONA AMÉRICA APOIADA NA GRADE, EM UMA PORTA DO ARMAZEM; EM FRENTE A ELA OS FILHOS SALIM (NENZINHO) E ELIAS (LALUCE). BRINCANDO NA OUTRA PORTA A FILHA MARIA DAS GRAÇAS, FALECIDA AINDA CRIANÇA (ACERVO DE EDUARDO ELIAS AYUPE TAMIOZZO)
Excelente matéria Nilson, você como sempre enxergando o presente e o futuro, mas, jamais se esquecendo do rico passado, uma homenagem espetacular! Parabéns!