Mães de bebês Reborn: Entre o afeto, o luto e o julgamento social

Nos últimos anos, um fenômeno tem ganhado destaque nas redes sociais e provocado debates intensos sobre comportamento, emoções e a forma como lidamos com nossos afetos: o universo das chamadas “mães de bebês reborn”. Trata-se de mulheres — muitas vezes adultas — que cuidam de bonecos ultrarrealistas como se fossem filhos de verdade. Alimentam, vestem, colocam para dormir e compartilham essas rotinas em vídeos e postagens. Para alguns, isso parece um simples hobby. Para outros, uma tentativa simbólica de preencher vazios emocionais.

Para compreender com profundidade esse comportamento que desperta tanta curiosidade quanto julgamento, conversamos com a Dra. Karina Assafim, psicóloga com ênfase na abordagem humanista e ampla experiência em saúde mental e comportamento humano. A participação dela no podcast Garbosa News, disponível no canal do YouTube, é essencial para quem deseja enxergar além da superfície desse tema.

Segundo a Dra. Karina, é preciso sensibilidade para abordar a questão sem reduzi-la a rótulos fáceis. Ela explica que, para muitas dessas mulheres, os bebês reborn podem representar uma tentativa de elaboração do luto — seja por perdas reais, como a morte de um filho ou a impossibilidade de gerar um, seja por perdas simbólicas, como frustrações emocionais acumuladas. “O cuidado com o boneco pode funcionar como uma forma de expressão afetiva legítima, mesmo que não convencional”, afirma.

Mas nem todas as mulheres que aderem a essa prática carregam uma dor profunda. Algumas simplesmente encontram no universo reborn uma forma de relaxamento, conexão com a infância ou prazer estético. “Há quem veja como uma forma de arte, de brincar ou até de pertencer a uma comunidade online”, completa a psicóloga. Nesse sentido, o reborn também pode ser interpretado como um hobby — e, como qualquer outro, não deve ser automaticamente patologizado.

As redes sociais, com seus algoritmos e dinâmicas de exposição, também influenciam essa realidade. Celebridades e influenciadoras digitais têm aderido ao movimento, o que levanta questões: seria tudo isso apenas uma busca por curtidas? Uma encenação para atrair atenção? Dra. Karina ressalta que, mesmo nesse contexto, é importante compreender as motivações individuais, sem julgamentos precipitados. “Vivemos em um tempo onde o afeto e a dor são, muitas vezes, compartilhados publicamente. Precisamos aprender a escutar sem ridicularizar”, diz.

Por fim, a psicóloga nos convida a uma reflexão maior: o que o fenômeno dos bebês reborn nos revela sobre a necessidade humana de cuidado, de vínculo e de expressar amor? Em uma sociedade marcada por isolamento emocional e pressões constantes, práticas como essa — mesmo incomuns — podem funcionar como válvulas de escape, rituais simbólicos ou formas de ressignificação da dor.  A entrevista completa com a Dra. Karina Assafim está disponível neste episódio mais recente do Garbosa News, aqui no YouTube. Uma conversa profunda, sensível e esclarecedora que vale a pena ser assistida — especialmente por quem deseja entender o comportamento humano com mais empatia e menos preconceito.

 

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